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domingo, 26 de junho de 2011

Guerras púnicas

As três guerras púnicas entre Cartago e Roma ocorreram no decorrer de quase um século, começando em 264 AEC e terminando com a destruição de Cartago em 146 AEC. Na época do início da Primeira Guerra Púnica, Roma tinha se tornado o poder dominante em toda a península Itálica, enquanto Cartago – uma poderosa cidade-estado no norte da África – estabelecera-se como principal potência marítima do mundo. A Primeira Guerra Púnica estourou em 246 AEC, quando Roma interferiu em uma disputa na Sicília, ilha controlada pelos cartagineses; a guerra terminou com Roma controlando as ilhas da Sicília e da Córsega e marcou surgimento do império como uma potência naval e terrestre. Na Segunda Guerra Púnica, o grande general cartaginês Aníbal invadiu a Itália e conseguiu importantes vitórias no lago Trasimeno e em Cannae, antes de sua derrota final por Cipião Africano em 202 AEC, passando para o domínio romano o Mediterrâneo ocidental e a maior parte da Espanha. Na Terceira Guerra Púnica, os romanos, liderados por Cipião o Jovem, capturaram e destruíram a cidade de Cartago em 146 AEC, tornando a África mais uma província do poderoso Império Romano.
Ruínas de Cartago
A tradição afirma que colonizadores fenícios da cidade mediterrânea de Tiro (no que é hoje o Líbano) fundaram a cidade-estado de Cartago no litoral norte da África, próximo a atual Túnis, capital da Tunísia, por volta de 814 AEC (púnico, termo que nomeou uma série de guerras entre Cartago e Roma, deriva da palavra latina para fenício, Punicus). Perto de 265 AEC, Cartago era a cidade mais rica e avançada da região, assim como a principal potência naval. Embora Cartago tenha confrontado violentamente várias outras potências na região, principalmente a Grécia, suas relações com Roma eram historicamente amigáveis, e as cidades tinham assinado vários tratados definindo direitos de comércio com o passar dos anos.
Em 264 AEC, Roma decidiu intervir numa disputa na costa oeste da ilha da Sicília (então uma província cartaginesa), envolvendo um ataque por soldados da cidade de Siracusa contra a cidade de Messina. Enquanto Cartago apoiou Siracusa, Roma apoiou Messina, e a disputa transformou-se em um conflito direto entre as duas potências, com o controle da Sicília em disputa. Durante o curso de quase 20 anos, Roma reconstruiu toda sua frota para confrontar a poderosa marinha cartaginesa, conseguindo sua primeira vitória naval em Mylae em 260 AEC e uma vitória mais importante na batalha do cabo Ecnomo em 256 AEC. Embora sua invasão do norte da África naquele mesmo ano tenha terminado em derrota, Roma se recusou a desistir, e em 241 AEC, a frota romana foi capaz de conquistar uma vitória decisiva contra os cartagineses no mar, quebrando sua lendária superioridade naval. No final da Primeira Guerra Púnica, a Sicília se tornou a primeira província exterior de Roma.

Nas duas décadas seguintes, Roma também conquistou o controle da Córsega e da Sardenha, mas Cartago foi capaz de estabelecer uma nova base de influência na Espanha no começo de 237 AEC, sob a liderança do poderoso general Amílcar Barca e, depois, de seu genro Asdrúbal. De acordo com Políbio e Tito Lívio em suas histórias de Roma, Amílcar Barca, que morreu em 229 AEC, fez seu jovem filho Aníbal fazer um juramento de sangue contra Roma quando era apenas uma criança. Com a morte de Asdrúbal e 221 AEC, Aníbal passou a comandar as forças cartaginesas na Espanha. Dois anos depois, ele conduziu seu exército atravessando o rio Ebro em Sagunto, uma cidade ibérica sob proteção romana, efetivamente declarando guerra a Roma. A Segunda Guerra Púnica viu as tropas de Aníbal – que incluía até 90.000 homens na infantaria, 12.000 na cavalaria e vários elefantes – saírem da Espanha, atravessarem os Alpes e entrarem na Itália, onde conseguiram uma sequência de vitórias sobre as tropas romanas nas batalhas de Ticino, Trébia e Trasimeno. A ousada invasão de Aníbal a Roma alcançou seu auge em Cannae em 216 AEC, onde sua genialidade militar ficou evidente: ele usou sua cavalaria superior para cercar um exército romano duas vezes maior que o seu em tamanho e infligiu pesadas baixas.
Contudo, após essa desastrosa derrota, os romanos conseguiram se recuperar, e os cartagineses perderam poder na Itália à medida que Roma conquistava vitórias na Espanha e no norte da África sob o comando do ascendente jovem general Públio Cornélio Cipião (depois conhecido como Cipião Africano). Em 203 AEC, as forças de Aníbal foram forçadas a abandonar a luta na Itália para defender o norte da África, e no ano seguinte, o exército de Cipião derrotou os cartagineses em Zama. As perdas de Aníbal na Segunda Guerra Púnica efetivamente estabeleceram o final do império cartaginês no Mediterrâneo ocidental, deixando Roma no controle da Espanha e permitindo a Cartago reter apenas seu território no norte da África. Cartago também foi forçada a abrir mão de sua frota e a pagar uma grande indenização a Roma em prata.

A Terceira Guerra Púnica, de longe o mais controverso dos três conflitos entre Roma e Cartago, foi o resultado dos esforços de Marco Pórcio Catão (Catão o Velho) e de outros membros linha-dura do Senado Romano para convencer seus colegas que Cartago (mesmo em seu estado debilitado) era uma ameaça contínua à supremacia romana na região (Catão terminava os seus discursos no Senado com a frase “Carthago delenda est", “Cartago deve ser destruída!”). Em 149 AEC, depois de tecnicamente Cartago quebrar seu tratado com Roma ao declarar guerra ao estado vizinho da Numídia, os romanos enviaram um exército ao norte da África, começando a Terceira Guerra Púnica.
Cartago resistiu ao cerco romano por dois anos antes de uma mudança no comando romano colocar o jovem general Cipião Emiliano (depois conhecido com Cipião o Jovem) na liderança da campanha no norte da África em 147 AEC. Após fortalecer as posições romanas em volta de Cartago, Emiliano lançou um vigoroso ataque pelo porto da cidade na primavera de 146 AEC, penetrando na cidade e arrasando casa após casa, enquanto empurrava as tropas inimigas em direção à sua cidadela. Após sete dias de um terrível derramamento de sangue, os cartagineses se renderam aos romanos, que destruíram uma cidade que tinha existido por cerca de 700 anos. Os 50.000 cidadãos sobreviventes de Cartago foram vendidos como escravos. Também em 146 AEC, as tropas romanas se deslocaram para o leste e derrotaram o rei Filipe V da Macedônia nas Guerras Macedônicas. No final daquele ano, Roma reinava suprema sobre um império que se estendia da costa atlântica da península Ibérica às fronteiras da Grécia na Ásia Menor.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tradições do solstício de verão

Para muitas das antigas civilizações o solstício de verão – o dia mais longo do ano – era visto com grande importância. As pessoas celebravam este dia especial, que cai em junho no hemisfério norte, com festivais, comemorações e outras práticas, algumas das quais ainda sobrevivem ou experimentam uma retomada nos tempos modernos.
Egípcios antigos – o solstício de verão era particularmente importante para os antigos egípcios porque coincidia com o começo da estação da cheia do Nilo. Acreditava-se que nesta época a deusa Isis derramava lágrimas de luto pela morte de seu marido Osíris, causando a elevação do rio e a fertilização do vale do Nilo. Festivais eram realizados em honra a ambas as divindades e celebrava fertilidade e abundância.

Gregos antigos – de acordo com certas variações do calendário grego – eles diferiam amplamente por região e época – o solstício de verão era o primeiro dia do ano. Vários festivais eram organizados por volta dessa época, incluindo o Cronia, que celebrava o deus da agricultura Cronos. O rigoroso código social era temporariamente suspenso durante o Cronia, com os escravos participando das festividades em igualdade ou até mesmo sendo servidos por seus senhores. O solstício de verão também marcava o início da contagem regressiva de um mês para o início dos jogos olímpicos.

Romanos antigos – nos dias que precediam o solstício de verão, os antigos romanos celebravam o festival de Vestália, que pagava tributo a Vesta, a deusa da família. Os rituais incluíam o sacrifício de um bezerro não nascido removido do útero de sua mãe. Esta era a única época do ano em que era permitido às mulheres casadas entrar no templo sagrado das virgens vestais e lá fazer suas oferendas.

Chineses antigos – Os antigos chineses participavam de uma cerimônia no solstício de verão em homenagem à terra, à feminilidade e à força conhecida como yin. Ela complementava o ritual de solstício de inverno, que era devotado ao paraíso, à masculinidade e ao yang.

Antigas tribos da Europa central e do norte – Muitos germânicos, eslavos e celtas pagãos saudavam o verão com fogueiras, uma tradição que ainda é apreciada na Alemanha, Áustria, Estônia e outros países. Algumas tribos antigas praticavam um ritual no qual casais pulavam as chamas para adivinhar o quanto as safras daquele ano iriam crescer.

Vikings – o início do verão era uma época crítica do ano para os navegantes nórdicos, que se encontravam para discutir assuntos legais e resolver disputas nos dias em torno do solstício de verão. Eles também visitavam poços que acreditavam ter poderes de cura e construíam grandes fogueiras. Hoje, as celebrações “vikings” do solstício de verão são populares entre residentes e turistas da Islândia.

Nativos americanos – muitas tribos nativas americanas participavam há vários séculos dos rituais do solstício de verão, alguns dos quais ainda praticados hoje em dia. Os sioux, por exemplo, executavam uma dança do sol cerimonial em volta de uma árvore vestindo cores simbólicas. Alguns estudiosos acreditam que a roda medicinal de Big Horn em Wyoming, um arranjo de pedras construído há várias centenas de anos pelos índios das planícies, alinha-se com o nascer e o por do sol do solstício, e era então o lugar da dança do sol anual daquela cultura.

Maias e astecas – enquanto não se sabe muito de como exatamente as poderosas civilizações pré-colombianas da América Central celebravam o solstício de verão, as ruínas de suas outrora grandes cidades indicam a grande importância desse dia. Templos, edifícios públicos e outras estruturas estavam amiúde precisamente alinhados com as sombras lançadas pelos principais fenômenos astrológicos, particularmente os solstícios de verão e inverno.

Druidas – os grandes sacerdotes celtas conhecidos como druidas provavelmente conduziam celebrações rituais durante o solstício de verão, mas – ao contrário da crença popular – é improvável que estas acontecessem em Stonehenge, o mais famoso círculo de pedra megalítico da Inglaterra. Apesar disso, pessoas que se identificam como druidas modernos continuam a se reunir no monumento para os solstícios de verão e de inverno e para os equinócios de primavera e outono.