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domingo, 19 de junho de 2011

Vikings

A partir aproximadamente do ano 800 da Era Comum até o século XI, um grande número de escandinavos deixou sua terra natal em busca de fortunas em outros lugares. Estes guerreiros marítimos – conhecidos coletivamente como vikings ou noruegueses (“homens do norte”) – começaram a atacar locais litorâneos, especialmente monastérios indefesos, nas Ilhas Britânicas. Nos três séculos seguintes, eles deixariam sua marca como piratas, invasores, comerciantes e colonizadores em grande parte da Grã-Bretanha e do continente europeu, assim como em partes dos territórios atuais de Rússia, Islândia, Groenlândia e na ilha canadense de Terra Nova.
Barco de Oseberg: navio cerimonial real viking. Esse bem preservado
barco foi construído em algum momento antes ou durante o século IX.
Foi encontrado em Oseberg, Noruega.
Mantido em exibição em Oslo, Noruega.
Fotografia: Christophe Boisvieux/Corbis.
Ao contrário de algumas concepções populares sobre os vikings, eles não eram uma “raça” unida por laços de ancestralidade comum ou patriotismo, e não deveriam ser definidos por qualquer senso particular de “ser viking”. O nome “viking” tem origem escandinava, a partir da palavra do norueguês antigo vik (“baía” ou “enseada”) que formava a raiz de vikingr (“pirata”). A maioria dos vikings, cujas atividades são mais conhecidas, vem das regiões conhecidas como Dinamarca, Noruega e Suécia, apesar de haver também menções nos registros históricos de vikings finlandeses, estonianos e lapões. Os detalhes comuns a todos – e o que os fazia diferentes dos povos europeus que eles confrontaram – era que eles vinham de uma terra estranha, não eram “civilizados” no entendimento local europeu da palavra e – o mais importante – não eram cristãos.
As razões exatas para os vikings se aventurarem fora de suas próprias terras são incertas; alguns têm sugerido que foi devido à densidade populacional elevada, mas os primeiros vikings pareciam buscar riquezas, não terras. No século VIII, a Europa estava ficando mais rica, abastecendo o crescimento de centros comerciais tais como Dorestad e Quentovic no continente e Hamwic (a atual Southampton), Londres, Ipswich e York na Inglaterra. As peles escandinavas eram caríssimas nos novos mercados comerciais; a partir do seu comércio com os europeus, os escandinavos aprenderam novas tecnologias de navegação assim como sobre a crescente riqueza europeia e acompanharam os conflitos internos entre os reinos europeus. Os predecessores dos vikings – piratas que saqueavam navios mercantes no mar Báltico – usariam seu conhecimento para expandir suas atividades de busca por fortunas ao mar do Norte e mais além.
Em 793, um ataque ao monastério de Lindisfarne no litoral da Nortúmbria, no nordeste da Inglaterra, marcou o início da Era Viking. Os saqueadores – provavelmente noruegueses que navegaram diretamente através do mar do Norte – não destruíram o monastério completamente, mas o ataque abalou o mundo religioso europeu em seu núcleo. Diferente de outros grupos, esses novos estranhos invasores não tinham respeito por instituições religiosas tais como os monastérios, que eram frequentemente deixados desprotegidos e vulneráveis próximos ao litoral. Dois anos depois, assaltos vikings atacaram os monastérios indefesos das ilhas de Skye e Iona (nas Hébridas), assim como em Rathlin (na costa nordeste da Irlanda). O primeiro ataque registrado na Europa continental ocorreu em 799, no monastério ilhéu de São Filiberto em Noirmoutier, próximo ao estuário do rio Loire.
Por várias décadas, os vikings se limitaram a ataques-relâmpago contra alvos costeiros nas Ilhas Britânicas (principalmente Irlanda) e Europa (o centro comercial de Dorestad, a 80 quilômetros do mar do Norte, tornou-se um alvo frequente a partir de 830). Eles então se aproveitaram dos conflitos internos na Europa para estender suas atividades penetrando no interior: após a morte de Luís, o Piedoso, imperador da Frância (atuais França e Alemanha), em 840, seu filho Lotário na prática solicitou o apoio de uma frota viking na batalha pelo poder com os irmãos. Em pouco tempo, os vikings perceberam que os governantes francos concordariam em pagá-los ricas somas para impedir que eles atacassem seus súditos, fazendo da Frância um alvo irresistível para futuras atividades vikings.
Na metade do século IX, Irlanda, Escócia e Inglaterra se tornaram importantes alvos para colonização viking, assim como para ataques. Os vikings conquistaram o controle das ilhas ao norte da Escócia (Shetland e Órcades), das Hébridas e da maior parte da Escócia. Eles fundaram as primeiras cidades comerciais da Irlanda: Dublin, Waterford, Wexford, Wicklow e Limerick, e usaram suas bases no litoral irlandês para lançar ataques dentro da Irlanda e, através do mar da Irlanda, à Inglaterra. Quando o rei Carlos II, o Calvo, começou a defender mais energicamente a Frância Ocidental em 862, fortificando cidades, abadias, rios e áreas costeiras, as forças vikings começaram a se concentrar mais na Inglaterra que na Frância.
Na onda de ataques vikings na Inglaterra após 851, apenas um reino – Wessex – foi capaz de resistir com sucesso. Os exércitos vikings (predominantemente dinamarqueses) conquistaram Ânglia Oriental, Nortúmbria e desmantelaram a Mércia, enquanto o rei Alfredo, o Grande, de Wessex se tornava o único rei a derrotar decisivamente um exército dinamarquês na Inglaterra. Deixando Wessex, os dinamarqueses se estabeleceram no norte, em uma área conhecida com “Danelaw”. Muitos deles se tornaram fazendeiros e comerciantes e estabeleceram York como uma importante cidade mercantil. Na primeira metade do século X, exércitos ingleses liderados pelos descendentes de Alfredo de Wessex começaram a reconquistar as regiões escandinavas da Inglaterra; o último rei escandinavo, Erik I, foi expulso e morto por volta de 952, permanentemente unindo os ingleses em um reino.
Enquanto isso, os exércitos vikings permaneceram ativos no continente europeu por todo o século IX, saqueando brutalmente Nantes (no litoral francês) em 842 e atacando cidades distantes do litoral como Paris, Limoges, Orleans, Tours e Nîmes. Em 844, os vikings atacaram Sevilha (então controlada pelos árabes andaluzes); em 859, eles saquearam Pisa, apesar de uma frota árabe os terem destruído no caminho de volta para o norte. Em 911, o reino franco ocidental cedeu Rouen e o território circundante por tratado a um chefe viking chamado Rollo em troca de este negar passagem ao Sena a outros invasores. Esta região do norte da França é agora conhecida como Normandia, a “terra dos homens do norte”.
No leste, os vikings conhecidos como varegues ou varangianos tinham invadido a Europa oriental e a atual Rússia (Rússia deriva de “rus”, nome que os povos eslavos usavam para os invasores escandinavos) no começo do século VIII, usando métodos similares aos de suas contrapartes dinamarquesas e norueguesas no oeste. Eles exploraram novas rotas de comércio descendo os rios Volga e Dnieper e fundaram cidades-estado tais como Kiev e Novgorod. Esses vikings também mantiveram contato extensivo com o Império Bizantino baseado em Constantinopla: alguns varangianos até mesmo serviram como uma guarda de elite para os imperadores bizantinos.
No século IX, os escandinavos (principalmente noruegueses) começaram a colonizar a Islândia, uma ilha no Atlântico Norte onde ninguém havia se estabelecido ainda em grandes números. No final do século X, alguns vikings (incluindo o famoso Erik, o Vermelho) viajaram mais a oeste, para a Groenlândia. De acordo com histórias posteriores islandesas, alguns dos primeiros colonizadores vikings da Groenlândia (supostamente liderados pelo herói viking norueguês Leif Eriksson, filho de Erik, o Vermelho) devem ter se tornado os primeiros europeus a descobrir e explorar a América do Norte. Chamando o lugar onde desembarcaram de Vinland (“Terra do Vinho”), eles construíram um assentamento temporário em L’Anse aux Meadows, na atual Terra Nova. Além disso, há poucas evidências de presença viking no Novo Mundo, e eles não formaram povoações permanentes.
Na metade do século X, o reinado de Harald Dente-Azul como rei de uma poderosa e recentemente unificada Dinamarca cristianizada marcou o começo de uma segunda Era Viking. Incursões de larga escala, frequentemente organizadas por líderes reais, atacaram os litorais da Europa e especialmente a Inglaterra, onde a linhagem de reis descendentes de Alfredo, o Grande estava vacilante. O filho rebelde de Harald, Svend Haraldsson, conduziu ataques vikings na Inglaterra que começaram em 991, conquistando todo o reino em 1013, enviando o rei Ethelred para o exílio. Svend morreu no ano seguinte, deixando seu filho Canuto como governante de um império escandinavo (abrangendo Inglaterra, Dinamarca e Noruega) no mar do Norte.


Após a morte de Canuto, seus dois filhos o sucederam, mas ambos foram mortos em 1042 por Eduardo, o Confessor, filho de Ethelred, que retornou do exílio e recuperou o trono inglês dos dinamarqueses. Depois de sua morte (sem deixar herdeiros) em 1066, Haroldo Godwinson, o filho do nobre mais poderoso de Eduardo, reclamou o trono. O exército de Haroldo foi capaz de derrotar uma invasão liderada pelo último grande rei viking – Harald Hardrada da Noruega – em Stamford Bridge, próximo a York, mas caiu ante as forças de Guilherme, duque da Normandia (um descendente dos colonizadores escandinavos no norte da França) algumas semanas depois. Coroado rei da Inglaterra no dia de Natal de 1066, Guilherme conseguiu manter a coroa contra as contestações dinamarqueses posteriores.
Os eventos de 1066 na Inglaterra efetivamente marcaram o fim da Era Viking. Naquela época, todos os reinos escandinavos já tinham se tornado cristãos, e o que permaneceu da “cultura” viking estava sendo absorvido pela cultura da Europa cristã. Hoje, sinais do legado viking podem ser encontrados principalmente nas origens escandinavas de certo vocabulário e nomes de lugares nas regiões onde eles se estabeleceram, incluindo o norte da Inglaterra, Escócia e Rússia. Na Islândia, os vikings deixaram um extensivo acervo literário, as sagas islandesas, nas quais eles celebraram as grandes vitórias de seu passado glorioso.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dia-D

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a batalha da Normandia, que durou de junho a agosto de 1944, resultou na liberação aliada da Europa Ocidental do controle nazista alemão. Como o codinome Operação Overlord, a batalha começou em 6 de junho de 1944, também conhecido como Dia-D, quando cerca de 156.000 soldados americanos, britânicos e canadenses desembarcaram em cinco praias ao longo da faixa costeira de 80 quilômetros expressivamente fortificada da região da Normandia na França. A invasão foi um dos maiores assaltos anfíbios na história e exigiu amplo planejamento. Antes do Dia-D, os aliados conduziram uma campanha enganosa em larga escala para iludir os alemães sobre o alvo de invasão intencionado. No final de agosto de 1944, todo o norte da França tinha sido liberado, e na primavera seguinte os aliados derrotaram completamente os alemães. Os desembarques na Normandia foram o começo do fim da guerra na Europa.
Depois do começo da 2ª Guerra, a Alemanha invadiu e ocupou o noroeste da França no começo de maio de 1940. Os americanos entraram na guerra em dezembro de 1941, e em 1942 eles e os britânicos (que tinham sido evacuados das praias de Dunkirk em maio de 1940 após terem sido batidos pelos alemães na batalha da França) estavam considerando a possibilidade de uma invasão importante aliada através do canal da Mancha. No ano seguinte, os planos aliados para uma invasão cruzando o canal começaram a se reforçar. Em novembro de 1943, Adolf Hitler (1889-1945), que estava ciente da ameaça de uma invasão ao longo do litoral norte francês, encarregou Erwin Rommel (1891-1944) de liderar as operações de defesa na região, embora os alemães não soubessem exatamente onde os aliados atacariam. Hitler encarregou Rommel da conclusão da Muralha do Atlântico, uma linha de fortificação de quase quatro mil quilômetros de bunkers, campos minados e obstáculos na praia e na água.
Em janeiro de 1944, o general Dwight Eisenhower (1890-1969) foi nomeado comandante da Operação Overlord. Nos meses e semanas antes do Dia-D, os aliados conduziram uma operação massiva de engodo cuja intenção era fazer os alemães pensarem que o alvo de invasão principal era Pas-de-Calais (local mais próximo da Grã-Bretanha na França) e não a Normandia. Além disso, eles levaram os alemães a acreditar que a Noruega e outros locais também eram potenciais alvos de invasão. Muitas táticas foram usadas para conduzir a farsa, incluindo equipamentos falsos, um exército fantasma comandado por George Patton supostamente baseado na Inglaterra, que cruzaria o canal em Pas-de-Calais, agentes duplos, e transmissões de rádio fraudulentas.
Eisenhower escolheu o dia 5 de junho de 1944 como a data para a invasão. Todavia, o mau tempo atrasou a operação em 24 horas. Na manhã de 5 de junho, após seu meteorologista prever melhores condições para o dia seguinte, Eisenhower deu a ordem para que a Operação Overlord prosseguisse. Ele disse às tropas: “Vocês estão prestes a embarcar na Grande Cruzada, para a qual nós temos nos esforçado nestes vários meses. Os olhos do mundo estão sobre vocês”.
No final daquele dia, mais de 5.000 navios e barcos de desembarque levando tropas e suprimentos deixaram a Inglaterra para a viagem através do canal à França, enquanto mais de 11.000 aeronaves foram mobilizadas para fornecer cobertura aérea e apoio à invasão.
No amanhecer do dia 6 de junho, milhares de paraquedistas e já estavam no chão por trás das linhas inimigas, defendendo pontes e estradas de saída. As invasões anfíbias começaram às 6h30 da manhã. Os britânicos e canadenses enfrentaram pouca oposição à captura das praias de codinome Gold, Juno e Sword, da mesma forma que os americanos na praia Utah. As forças americanas enfrentaram forte resistência na praia Omaha, onde morreram mais de 2.000 soldados. Contudo, no final do dia, aproximadamente 156.000 soldados aliados tinham atacado de forma bem sucedida as praias da Normandia. De acordo com algumas estimativas, mais de 4.000 soldados aliados perderam suas vidas na invasão do Dia-D, com milhares feridos ou desaparecidos.
Menos de uma semana depois, em 11 de junho, as praias foram completamente asseguradas e mais de 326.000 soldados, cerca de 50.000 veículos e mais de 100 toneladas de equipamentos tinham desembarcado na Normandia.
Por sua parte, os alemães sofreram com a confusão nas fileiras e com a ausência do celebrado comandante Rommel, que fora afastado em licença. Inicialmente, Hitler, acreditando que a invasão era um estratagema desenhado para distrair os alemães de um ataque vindo do norte pelo rio Sena, recusou-se a liberar divisões próximas para se juntar ao contra-ataque. Reforços foram chamados de muito longe, causando atrasos. Ele também hesitou em requerer divisões blindadas para ajudar na defesa. Além disso, os alemães foram atrasados pelo efetivo apoio aéreo aliado, que destruiu rapidamente muitas pontes importantes e forçou os alemães a seguirem por caminhos mais longos, assim como o eficiente apoio naval, que ajudou a proteger o avanço das tropas aliadas.
Nas semanas seguintes, os aliados disputaram seu caminho através da Normandia enfrentando a determinada resistência alemã, assim como uma densa paisagem de pântanos e cercas. No final de junho, os aliados tomaram o vital porto de Cherbourg, e desembarcaram aproximadamente 850.000 homens e 150.000 veículos na Normandia, e se equilibraram para continuar sua marcha através da França.
No final de agosto de 1944, os aliados alcançaram o rio Sena e Paris foi liberada. Os alemães foram removidos do noroeste da França, efetivamente concluindo a batalha da Normandia. As forças aliadas então se prepararam para entrar na Alemanha, onde elas se encontrariam com as tropas soviéticas que se deslocavam a partir do leste.
A invasão da Normandia começou a reverter a maré contra os nazistas. Um sopro psicológico significativo, ela também impediu Hitler de enviar tropas da França para intensificar seu front oriental contra o avanço dos soviéticos. Na primavera seguinte, em 8 de maio de 1945, os aliados formalmente aceitaram a rendição incondicional da Alemanha Nazista. Hitler tinha cometido suicídio uma semana antes, em 30 de abril.