domingo, 14 de novembro de 2010

Entrevista

De modo geral, mudanças e novas experiências incomodam. É mais fácil manter-se na zona de conforto sem a preocupação de encarar fatos novos. Mas, ao mesmo tempo, a curiosidade inerente à nossa espécie nos move a experimentar. Foi essa a sensação que eu tive ao saber que deveria fazer uma entrevista com uma pessoa com mais de 60 anos e depois, baseado no documento gerado pela entrevista, escrever um artigo sobre a história de vida dessa pessoa. Primeiro vieram as dúvidas quanto à entrevista: Quem entrevistar? Como guiar uma entrevista deixando o interlocutor à vontade? Como reagir a uma resposta inesperada? Depois, as dúvidas quanto ao artigo: Como fazer um artigo, se nunca eu fiz um? Como transferir informações obtidas em uma entrevista para um artigo e concatená-las adequadamente?
Mesmo não tendo certeza se o que foi realizado está de acordo com o que deveria ser feito, a experiência desfrutada na realização dessa empreitada - entrevista, artigo - foi única. Primeiro, a sensação de estar me transportando no tempo e no espaço enquanto ouvia os relatos da pessoa entrevistada é inigualável. Segundo, as interpretações dos acontecimentos fornecida por ela, mostrando-me que as visões do mundo não são únicas sequer para a mesma pessoa, que pode mudar de opinião com o tempo, de acordo com os estímulos externos recebidos. E, por último, as reações no momento da entrevista: perceber as emoções, ver os olhos mirarem um ponto incerto, como se olhassem através do tempo, lágrimas e sorrisos. Depois disso, ao escrever o artigo, a resposabilidade, o respeito e o cuidado com a fidelidade daquele relato.
Muito gratificante. O novo incomoda, mas a curiosidade nos faz seguir adiante. E a incerteza transforma-se então em fascínio.

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