domingo, 3 de outubro de 2010

Votar: direito ou obrigação?

Cumpri minha obrigação democrática (obrigação? democrática???). Votei.
Dentre os países que elegem seus governantes democraticamente, o nosso é um dos poucos onde se aplica o voto compulsório (prática comum aos países sul-americanos, com exceção de Colômbia, Suriname e Guiana). Parece-me contraditório ser obrigado a votar. Em um evento dito democrático, não há opção quanto a votar ou não. Não há escolha.
Um argumento a favor para o voto compulsório é que tal sistema busca garantir que o governo represente a maioria da população, e não apenas os indivíduos que votam. Isto ajuda a garantir que o governo não negligencie determinados setores da sociedade que sejam menos ativos politicamente, e os líderes políticos vitoriosos dos sistemas de votação compulsória podem potencialmente reclamar maior legitimidade política que aqueles de sistemas facultativos.
O argumento mais comum contra o voto compulsório é o que afirma que votar não é um dever cívico, mas um direito civil. E os cidadãos podem exercer seus direitos civis (o direito de ir e vir, de expressar suas opiniões, de casar, etc.) sem serem compelidos a isso. O voto compulsório infringe o direito básico de liberdade do cidadão. Multar ou imputar penalidades àqueles indivíduos que não desejam votar é ainda mais opressivo.
Pois bem. Fui lá e cumpri meu dever cívico relutantemente. Espero que um dia votar se torne um direito civil no Brasil.

Um comentário:

  1. Postagem muito bem eloquente, cara. Além de não ser um direito civil, a obrigação, portanto, promove um voto "inconsciente" e demasiados equívocos na hora de opinar pelo candidato (a). Também espero que um dia essa obrigatoriedade caia por terra.

    ResponderExcluir