segunda-feira, 11 de julho de 2011

Américas antes de Colombo - Parte 1: culturas arcaicas, agricultura

As culturas arcaicas
Por volta de 9000 AEC, pequenos bandos de caçadores estavam amplamente dispersos por todo o continente americano. As mudanças no clima com o final da última Idade do Gelo devem ter atrasado as modificações na dieta e no estilo de vida. O desaparecimento dos grandes animais de caça, qualquer que tenha sido a causa, provavelmente foi contemporânea da caça menos especializada de pequenos animais, pesca e uma dependência crescente da coleta de frutas selvagens e outras plantas alimentícias. A cultura dessas primeiras populações é normalmente chamada de período arcaico. Ela representa uma adaptação às transformações ambientais e às possibilidades de subsistência. As pessoas faziam cestas e usavam instrumentos de moagem para preparar as raízes e plantas que coletavam para comer (aproveitavam uma ampla variedade de animais e plantas). Quando os litorais se estabilizaram entre 5000 e 4000 AEC, as populações se concentraram em torno de lagoas e estuários de rios para explorar peixes e moluscos. Enormes sambaquis encontrados no Chile e na Terra do Fogo indicam a longa dependência desses recursos marinhos. No Brasil, os sambaquis indicam o uso intensivo desses recursos e a ocupação permanente de sítios litorâneos.

Agricultura nas Américas
O passo em direção à agricultura foi uma extensão natural de um processo no qual uma ampla variedade de recursos animais e vegetais era usada, reduzindo a dependência da caça de grandes animais. A agricultura deve então ter se iniciado com as mulheres, visto que em muitas sociedades caçadores simples as mulheres são responsáveis pela coleta de alimentos vegetais. Há antigas evidências das cavernas Guitarrero nas montanhas do Peru de cultivos de cerca de 7000 AEC, e por volta de 5000 AEC já havia plantas domesticadas em várias regiões das Américas.
A introdução da agricultura, a versão americana da revolução neolítica, não foi uma mudança tão completa e drástica como se pensava, e muitos povos continuaram a praticar a caça e a coleta lado a lado com os cultivos agrícolas. Em muitos lugares, agricultores e caçadores-coletores eventualmente viviam em contato próximo como resultado de diferentes adaptações aos ambientes e às oportunidades de escolhas sociais. O movimento da caça para a agricultura nem sempre aconteceu. Em um ambiente particularmente rico no litoral e onde a caça era abundante, as pessoas evitaram a agricultura e a nova organização de vida que ela poderia representar.
Com o tempo, todavia, a agricultura passou a ser praticada por todo o continente Americano, das florestas do leste da América do Norte às selvas tropicais da bacia amazônica. Os nativos americanos cultivavam mais de 100 diferentes safras, que englobavam desde pimentas, abóboras e tomates a amaranto e quinoa. Alguns cultivos, especialmente milho, batatas e mandioca, tornaram-se fontes essenciais de comida para densas populações. Como antes na Ásia, a agricultura impôs restrições ao comportamento humano e aos padrões de ação humana; à medida que as sociedades americanas dependiam cada vez mais da agricultura, uma série de processos ocasionalmente foram ativados e resultaram em complexos sistemas sociais, econômicos e políticos.
Por volta de 4000 AEC, a domesticação do milho aconteceu no México central e junto com ele o cultivo de pimentas, abóboras e feijões. Estas fontes de alimento expandidas e confiáveis resultaram no crescimento populacional (embora alguns acadêmicos defendam que o crescimento das populações deve ter estimulado a busca por novas fontes de comida e pela domesticação de plantas). O cultivo do milho se espalhou amplamente. Por volta de 2000 AEC, ele era cultivado no Peru, junto com batatas e outras safras nativas daquela região. O milho se disseminou também na direção norte, para o atual sul dos Estados Unidos, e por volta de 1000 AEC, ele era cultivado por tribos (como os iroqueses) no Canadá.
Nas florestas tropicais das bacias do Amazonas e do Orinoco, os nativos desenvolveram uma agricultura baseada em variedades de mandioca ou cassava, uma raiz que poderia ser transformada em farinha. A introdução do milho em áreas que dependiam apenas da mandioca provavelmente resultou em crescimento populacional e, com ele, o surgimento de sociedades mais complexas. Enquanto variedades de batatas eram os alimentos básicos nos Andes, e a mandioca era a principal safra dos povos das planícies sul-americanas e nas ilhas do Caribe, o cultivo do milho se espalhou em todas as direções e era muitas vezes praticado nestas regiões em conjunto com outras safras. Na Mesoamérica, na área do norte do México central à Nicarágua, o milho dominou a dietas dos povos agrícolas.

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