quarta-feira, 13 de julho de 2011

Américas antes de Colombo - Parte 3: Mesoamérica, olmecas

Mesoamérica
Geograficamente, a região da Mesoamérica é uma complexa colcha de retalhos de zonas, e que também é dividida verticalmente em áreas montanhosas frias, vales e litorais tropicais e uma zona temperada intermediária. Estas variações criaram vários ambientes com diferentes possibilidades para a exploração humana. Elas também criaram uma base para o comércio, à medida que as pessoas buscavam adquirir bens não disponíveis localmente. A maior parte do comércio fluía dos vales tropicais para o frio platô central.
O processo longo e lento de transformação pelo qual os caçadores e coletores do México começaram a se estabelecer em pequenas vilas e a domesticar certas plantas é pobremente conhecido. Os seres humanos provavelmente já estavam na Mesoamérica por volta de 20000 AEC, com os homens caçando os grandes animais e, muito provavelmente, as mulheres envolvidas nas atividades de coleta. Por volta de 5000 AEC, a coleta e o uso crescente de alimentos vegetais eventualmente levou à domesticação de determinadas plantas. Feijões, pimentas, abacates, abóboras e finalmente o milho serviram como base da agricultura na região. Inovações posteriores, tais como a introdução ou o desenvolvimento da cerâmica, ocorreram por volta de 2000 AEC, mas pouco havia que diferenciasse uma pequena aldeia de outra vizinha.
Enquanto a dinastia Shang (1766-1122 AEC) governava a China, vilas sedentárias permanentes, amparadas até certo ponto na agricultura, começaram a aparecer na Mesoamérica. Havia então assentamentos pequenos e modestos. A falta de funerais elaborados indica que estas eram sociedades sem muita hierarquia ou diferenciação social, e a natureza uniforme e simples da cerâmica e de outros bens materiais indicam a falta de especialização em trabalhos manuais. Mas o número dessas vilas do período arcaico aumentou com rapidez, e a densidade populacional se elevou.

O mistério olmeca
Muito subitamente, um novo fenômeno apareceu. No litoral sudoeste da Mesoamérica (os atuais estados mexicanos de Veracruz e Tabasco), sem muita evidência de um desenvolvimento gradual no registro arqueológico, surgiu uma tradição cultural que incluía agricultura irrigada, escultura monumental, urbanismo, uma religião elaborada e os princípios de sistemas de calendário e de escrita. A origem dos olmecas permanece desconhecida, mas seus sítios impressionantes em La Venta e Tres Zapotes confirmam um alto grau de organização social e habilidade artística. Os importantes sítios olmecas em San Lorenzo (1200-900 AEC) e La Venta (900-500 AEC) estão localizados nas florestas tropicais úmidas da costa do golfo no México oriental, mas objetos olmecas e o seu estilo artístico se difundiram para as áridas regiões montanhosas do México central e na direção do litoral do Pacífico ao sul.
Acredita-se que os olmecas tenham sido a “civilização-mãe” da Mesoamérica. O cultivo de milho, especialmente ao longo dos rios, forneceu a base para um estado governado por uma elite hereditária onde o cerimonial de uma religião complexa dominava a maior parte da vida. Na época em que Tutancâmon (c. 1341-1323 AEC) governava o Egito, a civilização olmeca florescia na Mesoamérica.
Os olmecas permanecem um mistério. Algumas de suas esculturas monumentais parecem exibir características negroides; outras parecem ser representações de humanos com atributos felinos. Eles sabiam trabalhar bem o jade e negociavam ou conquistavam para obtê-lo. Eles desenvolveram um sistema numérico vigesimal e um calendário que combinava um ano de 365 dias com um ciclo ritual de 260 dias. Este calendário se tornou a base de todos os calendários mesoamericanos posteriores. Que língua eles falavam e o que a sua civilização se tornou permanece uma incógnita. Alguns estudiosos acreditam que eles sejam os ancestrais da grande civilização maia posterior.
Os objetos olmecas e, provavelmente, a influência e as ideias religiosas olmecas se disseminaram em muitas das áreas montanhosas e vales, criando a primeira cultura generalizada na região. Por volta de 900 AEC, o estilo e os símbolos olmecas estavam amplamente difundidos na Mesoamérica.
Durante o período pré-clássico (c. 2000-300 AEC), outras civilizações estavam se desenvolvendo em outros lugares na América Central. Em Monte Albán, no vale do Oaxaca, o povo zapoteca criou um grande centro cerimonial construído no alto de uma colina baseado na agricultura em terraços e irrigada no vale circundante. Um sistema de escrita e um calendário também apareceram, talvez copiados dos olmecas, assim como consideráveis evidências de guerras e conquistas. Por volta de 500 AEC, Monte Albán se tornou um centro cerimonial importante, cobrindo mais de 38 km² e com uma população de mais de 30.000 pessoas. Mais para o sul, alguns dos primeiros centros maias começaram a surgir. No vale central do México, a influência artística olmeca podia ser vista nas comunidades em expansão.
Muito do que se sabe sobre essas culturas foi interpretado a partir de sua arquitetura e de sua arte e dos símbolos que estas contêm. A arte, e especialmente a arte pública, era decorativa e funcional. Ela definia o lugar do indivíduo na sociedade e no universo; tinham também funções políticas e religiosas. Nas Américas, como em muitas outras civilizações, estes aspectos estavam normalmente unidos. A interpretação de estilos artísticos e de símbolos apresenta uma diversidade de problemas na ausência de fontes escritas. A difusão dos símbolos olmecas é um bom exemplo de problema. O uso desses símbolos entre outros povos em lugares distantes indica redes de comércio, atividade missionária, colônias, conquista, ou apreciação estética? Não se sabe. Mas, claramente, a influência olmeca era amplamente sentida por toda a região.

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