quinta-feira, 14 de julho de 2011

Américas antes de Colombo - Parte 4: Teotihuacán, maias clássicos

Teotihuacán
A era clássica
Após a inciativa olmeca, o período de aproximadamente 150 a 900 da era comum foi a época de grandes realizações culturais na Mesoamérica. Os arqueólogos se referem a ele como período clássico. Durante esse período, grandes civilizações floresceram em vários lugares. Os dois principais centros de civilização estavam no alto vale central do México e nas terras tropicais mais úmidas do sul do México, Iucatã e Guatemala.

O vale do México: Teotihuacán
No México central, a cidade de Teotihuacán, próxima a moderna Cidade do México, surgiu como um enorme centro urbano com funções religiosas importantes. Ela era sustentada pela agricultura intensiva na região circundante e provavelmente pelas safras plantadas em torno do grande lago no vale central do México. Os enormes templos pirâmides rivalizam com as pirâmides do antigo Egito e sugerem um aparato estatal considerável com o poder de mobilizar um grande número de trabalhadores. A estimativa para a população dessa cidade, que ocupava uma área de mais de 23 km², é de mais de 200.000 habitantes. Isto faria dela maior que as cidades do antigo Egito ou da Mesopotâmia e provavelmente apenas menor do que Roma entre as cidades da Antiguidade clássica.
Havia bairros residenciais para grupos étnicos e comerciais específicos, e há evidências consideráveis de amplas distinções sociais entre sacerdotes, nobres e o povo comum. Os muitos deuses da Mesoamérica, ainda cultuados quando os europeus chegaram no século XVI, já eram estimados em Teotihuacán. O deus da chuva, a serpente emplumada, a deusa do milho e a deusa das águas são todos visíveis nos murais e decorações que adornam palácios e templos. Na verdade, quase toda arte de Teotihuacán parece ser de natureza religiosa.
A influência de Teotihuacán se estendeu para bem longe ao sul, até a Guatemala, e tributo era provavelmente exigido de muitas regiões. Artefatos de Teotihuacán, tais como cerâmica e obsidiana primorosamente trabalhada – assim como seu estilo artístico – são encontrados em muitas outras áreas. A influência de Teotihuacán era forte em Monte Albán, no vale do Oaxaca. Guerreiros vestidos no estilo de Teotihuacán podem ser encontrados em baixos-relevos bem ao sul, na região maia.
Teotihuacán representava um império político ou um estilo cultural e ideológico dominante que se disseminou sobre a maior parte do México central. A falta de cenas de batalhas nas paredes de Teotihuacán tem estimulado alguns acadêmicos a acreditar que a sua predominância levou a um longo período de paz mantido pela autoridade e pelo poder da grande cidade. Internamente, o fato de que os edifícios mais recentes tendem a ser palácios seculares em vez de pirâmides-templos talvez indique uma transferência no poder e na orientação de autoridade religiosa para civil.

Os maias clássicos
Entre cerca de 300 e 900 da era comum, aproximadamente ao mesmo em tempo que Teotihuacán dominava o planalto central, os povos maias estavam desenvolvendo a civilização mesoamericana elevando-a ao seu mais alto grau no sul do México e na América Central. Enquanto a dinastia Tang governava a China, Carlos Magno criava seu domínio na Europa e o Islã espalhava sua influência da Espanha à Índia, depois que a Antiguidade clássica terminara no Velho Mundo, uma grande civilização florescia nos trópicos americanos. O período clássico americano, iniciado quando as civilizações clássicas do Velho mundo estavam chagando ao fim, durou até o próximo período da história mundial. Por causa da riqueza de seus registros arqueológicos e porque os povos maias ainda reterem muitos aspectos do período clássico quando os espanhóis chegaram, é possível reconstruir o mundo dos maias clássicos em alguns detalhes. Os maias podem ser usados como um exemplo do período clássico no desenvolvimento mesoamericano, porque enquanto sua civilização era singular, ela era baseada em alguns princípios comuns da região.
A cultura maia se estendeu sobre uma ampla região que agora inclui partes de cinco diferentes países (México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador). Ela englobava várias línguas relacionadas, e tinha considerável variação regional como pode ser visto em seus estilos artísticos. Toda região compartilhava uma cultura comum que incluía arquitetura monumental, uma língua escrita, um calendário, um sistema matemático, uma religião altamente desenvolvida e conceitos de política e organização social. Com uma tecnologia essencialmente neolítica em uma área de densas florestas atormentada por insetos e frequentemente com solos pobres, até 50 cidades floresceram.
Como os grandes centros urbano-religiosos maias clássicos, como Tikal, Copán, Quiriguá e Palenque, com populações entre 30.000 e 80.000, se sustentavam? A agricultura de derrubada e queimada como a praticada hoje na região não era suficiente. Os maias clássicos usavam vários sistemas agrícolas. Evidências de irrigação, drenagem de pântanos e um sistema de “campos sulcados” artificialmente construídos nas desembocaduras dos rios (onde a agricultura intensiva era praticada) parecem explicar a habilidade maia para sustentar grandes centros urbanos e uma população total de talvez cinco milhões de pessoas. Enquanto algumas autoridades ainda acreditam que os centros maias eram essencialmente cerimoniais e ocupados principalmente por governantes, artesãos e pela elite, parece claro que populações se concentraram nestes centros e em volta deles para criar uma paisagem densamente ocupada. As cidades maias variam em tamanho e traçado, mas quase todas incluem grandes pirâmides encimadas por templos, complexos de edifícios de pedras que serviam a propósitos administrativos ou religiosos, residências da elite, uma quadra de jogos com bola rituais e muitas vezes uma série de altares e pilares memoriais. Estes monumentos comemorativos, ou estelas, eram erigidos para comemorar triunfos e eventos nas vidas dos governantes maias ou para marcar ocasiões cerimoniais. As estelas eram normalmente datadas e gravadas com escrita hieroglífica. Um complexo calendário e um sistema de escrita sofisticado foram duas das maiores realizações maias.

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