quinta-feira, 28 de julho de 2011

Américas antes de Colombo - Parte 15: comparando incas e astecas

Comparando incas e astecas
Tanto o império inca quanto o asteca eram baseados em longos desenvolvimentos de civilização que os precederam. Enquanto em algumas áreas de realizações artísticas e intelectuais povos anteriores os ultrapassaram, ambos representaram o sucesso da organização imperial e militar. Ambos eram baseados na agricultura intensiva organizada por um estado que acumulava o excedente de produção e então controlava a circulação dos bens e sua redistribuição aos grupos ou classes sociais. Em ambos os estados antigas instituições em parte baseadas em parentesco, o ayllu e o calpulli, foram sendo transformadas pelo surgimento de uma hierarquia social na qual a nobreza era cada vez mais predominante. Em ambas as áreas esta nobreza também era o corpo de funcionários do estado, de forma que a organização estatal era quase uma imagem da sociedade.
Enquanto os incas tentaram criar um estado político dominante e fizeram tentativas para integrar o império como uma unidade (os astecas fizeram menos quanto a isso), ambos os impérios reconheciam os grupos étnicos e os líderes políticos locais e se dispunham a permitir uma variação considerável de um grupo ou região para outra – isto é, desde que a soberania inca ou asteca fosse reconhecida e o tributo pago. Tanto astecas quanto incas, como os espanhóis depois deles, descobriram que seu poderio militar foi menos efetivo contra os povos nômades que viviam em suas florestas. Essencialmente, os impérios foram criados pela conquista de povos agrícolas sedentários e pela extração de tributo e trabalho desses povos.
Não se podem negligenciar as diferenças consideráveis entre a Mesoamérica e a região andina em termos de clima e geografia nem ignorar as diferenças entre as civilizações inca e asteca. O comércio e os mercados, por exemplo, eram bem mais desenvolvidos em geral no Império Asteca e até mesmo antes na Mesoamérica que no mundo andino. Havia diferenças consideráveis na metalurgia, nos sistemas de escrita, na definição social e na hierarquia. Mas dentro do contexto das civilizações mundiais, provavelmente é bem melhor ver estes dois impérios e as áreas culturais que eles representaram como variações de padrões e processos similares dos quais a agricultura sedentária é o mais importante. A variação de similaridades básicas subjacentes também pode ser vista nos sistemas de crenças e cosmologia e na estrutura social. Se origens similares, contatos diretos ou indiretos entre as áreas ou o desenvolvimento paralelo na Mesoamérica e nos Andes explicam a similaridade, são fatos a serem explorados. Mas as civilizações nativas americanas compartilharam muito entre si, e o fator adicional de seus isolamentos relativos em relação a culturas externas e influências biológicas deu-lhes suas naturezas peculiares e em última análise suas vulnerabilidades. Ao mesmo tempo, a habilidade para sobreviver ao choque da conquista e a contribuição para a formação de sociedades após a conquista demonstra muito de suas resiliência e resistência. Muito tempo depois dos impérios inca e asteca terem deixado de existir, os povos dos Andes e do México continuam a recorrer a estas tradições culturais.

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