domingo, 12 de junho de 2011

Dicionário mesopotâmico completado após 90 anos

Projeto iniciado em 1921 para traduzir a antiga escrita cuneiforme finalmente concluído.
Um dicionário de 21 volumes detalhando uma antiga língua mesopotâmica foi finalmente completado após um trabalho de 90 anos.
O Chicago Assyrian Dictionary identifica e explica as palavras entalhadas em pedra e sobre tabletes de argila em escrita cuneiforme pelos babilônios e assírios na Mesopotâmia entre 2500 AEC e 100 EC.
O projeto foi iniciado em 1921 por James Henry Breasted, fundador do Instituto Oriental da Universidade de Chicago, e viu milhões de cartões fazendo referência a 28.000 palavras na língua semítica acadiana serem compilados nos últimos 90 anos.
Os vários significados para cada palavra estão disponíveis no dicionário de 21 volumes, assim como seu contexto e meios de uso. A entrada para a palavra “umu”, por exemplo, que significa “dia”, percorre 17 páginas e cobre seu uso no Épico de Gilgamesh: “Aqueles que tomaram coroas que governaram o país nos dias de outrora”.
Robert Biggs, professor emérito do Instituto Oriental, trabalhou como arqueólogo em escavações recuperando tabletes assim como no dicionário, passando quase 50 anos no projeto. “Você removia a sujeira, e então surgia uma carta de alguém que poderia estar falando sobre uma nova criança na família, ou outro tablete que poderia ser sobre um empréstimo até a época da colheita. Você percebia que essa era uma cultura não só de reis e rainhas, mas também de pessoas comuns, a maioria semelhante a nós, com preocupações similares por segurança, alimento e abrigo para eles e suas famílias”, disse ele. “Eles escreveram esses tabletes há milhares de anos, jamais imaginando que fossem lidos tanto tempo depois, mas eles nos falam de uma forma que tornam suas experiências para nós cheias de vida”.
Matthew Stolper, professor da Universidade de Chicago que devotou – dentro e fora – 30 anos ao dicionário, disse à Association Press que “muito do que você vê é absolutamente reconhecível – pessoas expressando medo e raiva, expressando amor, pedindo amor”.
“Há inscrições de reis que nos contam quão grandiosos eles foram, e inscrições de outros que nos dizem que esses caras não foram tão grandes”, disse ele. “Há também muitas versões antigas de ‘seu cheque está no correio’. E há uma frase comum em cartas em babilônico antigo que literalmente significa ‘não se preocupe com isso’”.
A conclusão do dicionário foi anunciada pela Universidade de Chicago em 6 de junho de 2011. O diretor do Instituto Oriental Gil Stein disse que ele fornece “a chave para a primeira civilização urbana do mundo”.
“Praticamente tudo o que aceitamos como corriqueiro... tem suas origens na Mesopotâmia: a origem das cidades, das sociedades estatais, a invenção da roda, a maneira como medimos o tempo, e mais importante: a invenção da escrita”, disse ele à AP. “Se nós quisermos entender nossas raízes, temos que entender esta primeira grande civilização”.
(A partir de texto da Science)

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