segunda-feira, 13 de junho de 2011

Linguagem e fabricação de ferramentas se desenvolveram juntas

O avanço evolucionário viu os humanos da idade da pedra dominarem a arte de fabricação de ferramentas manuais e pavimentou o caminho para a linguagem se desenvolver.
Pesquisadores dizem que os humanos primitivos estavam
limitados pelo cérebro e não pela habilidade manual
quando fabricavam ferramentas de pedra.
Fotografia: David Sillitoe/Guardian
Os humanos da idade da pedra dominaram a arte de fabricação de elegantes ferramentas manuais em um avanço evolucionário que estimulou potente cérebro e potencialmente pavimentou o caminho para a linguagem, segundo os pesquisadores.
O projeto de ferramentas de pedra se modificou radicalmente na pré-história humana, começando há mais de dois milhões de anos com lâminas afiadas mais primitivas, e culminando com machados de mão primorosa e perfeitamente afiados há 500.000 anos.
O desenvolvimento de ferramentas de pedra sofisticadas, incluindo objetos cortantes robustos e bordas de serra, é considerado um momento chave na evolução humana, porque ele prepara o terreno para uma melhor nutrição e comportamentos sociais avançados, tais como a divisão do trabalho e a caça em grupo.
“Tem havido uma grande discussão na comunidade arqueológica sobre porque levou tanto tempo para se fabricar ferramentas de pedra mais complexas. Nós simplesmente não tínhamos a habilidade manual, ou não éramos espertos o bastante para pensar em técnicas melhores?” Foi o que disse Aldo Faisal, neurocientista do Imperial College de Londres.
A equipe de Faisal investigou a complexidade dos movimentos da mão usados por um artesão experiente enquanto ele fazia réplicas de ferramentas de pedra simples e depois mais complexas. Bruce Bradley, arqueólogo da Universidade Exeter, usou uma luva com sensores eletrônicos adaptados enquanto lascava pedras para fazer uma lâmina afiada e depois um machado manual mais sofisticado.
Os resultados mostraram que os movimentos necessários para fazer uma machado manual não eram mais difíceis que aqueles usados para fazer uma lâmina de pedra primitiva, sugerindo que humanos primitivos estavam limitados pela potência do cérebro e não pela habilidade manual.
Os humanos primitivos estavam adaptados para fazer lâminas de pedra, mas estas eram tão finas que poderiam se quebrar enquanto estavam sendo usadas. Os movimentos necessários para fabricar ferramentas avançadas não eram mais difíceis, mas tinham de ser executados mais inteligentemente, para produzir uma ferramenta que tivesse um corpo espesso e robusto com uma borda cortante afiada.
As ferramentas de pedra mais antigas e simples, conhecidas como lâminas olduvaienses, foram descobertas junto com vestígios fossilizados de Homo habilis, um provável ancestral dos humanos modernos, na garganta de Olduvai, Tanzânia. Machados manuais feitos de pedra foram descobertos próximos a ossos de Homo erectus, a espécie ancestral humana que conduziu a migração para fora da África. Machados manuais são normalmente fabricados simetricamente em ambos os lados em forma de lágrima.
O mapeamento cerebral de fabricantes de ferramentas de pedra modernos mostram que áreas chave no hemisfério direito do cérebro se tornam mais ativas quando eles passam da fabricação de lâminas para a fabricação de ferramentas mais avançadas. Curiosamente, algumas dessas regiões cerebrais estão envolvidas no processamento da linguagem.
“O avanço de ferramentas de pedras brutas para elegantes machados manuais foi um grande salto tecnológico para nossos primitivos ancestrais humanos. Machados portáteis eram ferramentas mais úteis para defesa, caça e trabalhos de rotina”, disse Faisal, cujo estudo aparece no periódico PLoS ONE. “Nosso estudo reforça a ideia de que fabricação de ferramentas e linguagem se desenvolveram juntas porque ambas requeriam pensamentos mais complexos, fazendo do final do paleolítico inferior uma época central na nossa história. Após esse período, os humanos primitivos deixaram a África e começaram a colonizar outras partes do mundo”.

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