terça-feira, 28 de junho de 2011

Paranthropus

Os australopitecinos robustos, membros do extinto gênero hominíneo Paranthropus (do grego para “ao lado” e anthropos “humano”), eram hominídeos bipedais que provavelmente descendiam dos australopitecinos gráceis (Australopithecus).
Todas as espécies de Paranthropus até aqui descobertas eram bipedais, e muitas viveram numa época em que espécies do gênero Homo (que possivelmente também descendiam dos Australopithecus) eram prevalentes. O Paranthropus apareceu primeiramente conforme o registro fóssil há aproximadamente 2,7 milhões de anos. A maioria das espécies de Paranthropus tinha um cérebro com cerca de 40% do tamanho daqueles dos humanos modernos. Havia certa diferenciação entre as diferentes espécies de Paranthropus, mas a maioria media aproximadamente 1,3 metros de altura e eram bastante musculosos. Acredita-se que tenham vivido em áreas arborizadas em vez das savanas habitadas pelos Australopithecus.
O comportamento do Paranthropus era bastante diferente daqueles do gênero Homo, na medida em que não eram tão adaptáveis ao seu meio ambiente ou capazes de lidar com dificuldades. Evidências disso existem na forma de sua fisiologia, que era especificamente direcionada a uma dieta de raízes e plantas. Isto o teria tornado mais dependente de condições ambientais favoráveis que os membros do gênero Homo, como o Homo habilis, que aparentemente se alimentavam de uma maior variedade de comida. Então, devido à baixa capacidade adaptativa, os Paranthropus se extinguiram sem deixar descendentes.
Em 2011, Thure E. Cerling e equipe, da Universidade de Utah, publicaram um estudo baseado no carbono do esmalte de 24 dentes de 22 indivíduos Paranthropus que viveram na África oriental entre 1,4 e 1,9 milhões de anos. Um tipo de carbono é produzido a partir de folhas de árvores, nozes e frutas, e outro de gramas e plantas gramíneas chamadas caniços. Seus resultados revelaram que o Paranthropus boisei ao contrário das teorias prévias, não comia nozes, mas se alimentava muito mais pesadamente de gramíneas que qualquer outro ancestral ou parente humano estudado até agora. Apenas uma espécie extinta de babuíno comia mais grama. Um dos coautores deste artigo é Meave Leakey, nora de Mary e Louis Leakey.

O biólogo evolucionário Richard Dawkins observa que “talvez várias diferentes espécies” de hominídeos robustos, “assim como suas afinidades e seu número exato de espécies são ardentemente controversas. Os nomes que foram ligados a várias dessas criaturas são Australopithecus (ou Paranthropus) robustus, Australopithecus (ou Paranthropus ou Zinjanthropus) boisei e Australopithecus (ou Paranthropus) aethiopicus”. Opiniões diferem quanto a se as espécies P. aethiopicus, P. boisei e P. robustus deveriam ser incluídas dentro do gênero Australopithecus. O surgimento dos robustos poderia ser uma mostra de evolução convergente ou divergente. Não há atualmente consenso na comunidade científica se as espécies de P. aethiopicus, P. boisei e P. robustus deveriam ser colocadas num gênero distinto, Paranthropus, que se acredita tenha evoluído de uma linha ancestral australopitecina. Até a metade da década passada, a maioria da comunidade científica incluía todas as espécies de Australopithecus e Paranthropus em um só gênero. Atualmente, os dois sistemas taxonômicos são usados e aceitos na comunidade científica. No entanto, embora Australopithecus robustus e Paranthropus robustus sejam intercambiáveis para os mesmos espécimes, alguns pesquisadores, como Robert Broom e Bernard A. Wood, acreditam que há uma diferença entre Australopithecus e Paranthropus, e que estes deveriam ser dois gêneros distintos.

A maior parte das espécies Australopithecus (A. afarensis, A. africanus, e A. anamensis) desapareceu do registro fóssil antes do surgimento dos primeiros humanos e aparentemente elas (ou uma delas) devem ter sido ancestrais do Homo habilis, já o P. boisei e o P. aethiopicus continuaram a evoluir ao longo de um caminho separado e desvinculado dos primeiros humanos. Os Paranthropus compartilharam a Terra com alguns dos primeiros membros do gênero Homo, como o H. habilis, o H. ergaster e possivelmente até mesmo o H. erectus. O A. afarensis e o A. anamensis tinham, na maior parte, desaparecido nessa época. Havia também diferenças morfológicas significativas entre Australopithecus e Paranthropus, embora as diferenças encontradas estivessem em vestígios cranianos. Os vestígios pós-cranianos ainda eram muito similares. Os Paranthropus tinham crânios e dentes mais robustos e tendiam a ostentar cristas sagitais cranianas semelhantes às dos atuais gorilas que ancoravam músculos temporais massivos para mastigação.

As espécies de Paranthropus tinham caixas cranianas menores que as do Homo, mas que eram maiores que as dos Australopithecus. O gênero Paranthropus é associado a ferramentas de pedra no sul e no leste da África, embora haja considerável debate se elas foram feitas e utilizadas por estes australopitecinos robustos ou por seus contemporâneos do gênero Homo. A maior parte da comunidade científica acredita que os primeiros Homo eram os fabricantes de ferramentas, mas fósseis de mãos encontrados em Swartkrans, na África do Sul, indicam que a mão do Paranthropus robustus já estava também adaptada para agarrar com precisão e para o uso de ferramentas. A maioria das espécies de Paranthropus parece quase certamente não ser capaz do uso da linguagem ou de ter controlado o fogo, embora eles estejam diretamente associados a este último em Swartkrans.

Um crânio parcial e uma mandíbula de Paranthropus robustus foram descobertos em 1938 por um estudante, Gert Terblanche, em Kromdraai (70 km a sudoeste de Pretória) na África do Sul. Ele foi descrito como um novo gênero e espécie por Robert Broom do Museu Transvaal. O sítio tem sido escavado desde 1993 por Francis Thackeray também do Museu Transvaal. Esse primeiro fóssil foi datado em pelo menos 1,95 milhões de anos.
O Paranthropus boisei foi descoberto por Mary Leakey em 17 de julho de 1959, no sítio da garganta de Olduvai na Tanzânia. Ela estava trabalhando sozinha, porque Louis Leakey estava adoentado. Em suas notas, Louis registrou um primeiro nome, Titanohomo mirabilis, refletindo a sua impressão inicial de afinidade humana próxima. Louis e Mary passaram a chamá-lo de “Dear Boy”. Ele estava em um contexto com ferramentas olduvaienses e ossos de animais. A descrição do fóssil foi publicada na Nature de 15 de agosto de 1959. Nela Louis colocou o fóssil na família australopitecina, criando um novo gênero para ele, Zinjanthropus, espécie boisei. “Zinj” é uma antiga palavra árabe para a costa leste da África e “boisei” era uma referência a Charles Boise, um benfeitor antropológico dos Leakeys. Louis tinha considerado o gênero de Broom, Paranthropus, mas o rejeitou porque acreditava que Zinj fosse ancestral do gênero Homo, mas o fóssil descoberto na África do Sul não.

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